terça-feira, 26 de novembro de 2013

Construindo o conhecimento (1)

Construindo o conhecimento (1)



A noção de conhecimento parte de uma relação entre um sujeito e um objeto, fixada por filósofos dos séculos XVII-XVIII, diz Santos em “Platão e a construção do conhecimento” (Paulus, 2012). O ser humano é um ser histórico e social e pode mudar sua trajetória durante sua jornada. E utilizar-se de um conhecimento adquirido nem sempre é um direito dado ao aluno.

A ideia de uma teoria do conhecimento vem de Descartes e Espinosa, mas foi o trabalho de Kant que a tornou uma disciplina independente no século XIX diz Urbano Zilles em “Teoria do conhecimento e teoria da ciência”. (Paulus, 2008). René Descartes (1596-1650); Baruch Espinosa (1632-1677); Immanuel Kant (1724-1804): Wikipédia.

Toda pesquisa pedagógica é realizada sob o ponto de vista do organizador da pesquisa, professores, mestres e doutores. Sob seus pontos de vistas, analisam escolas, alunos e modelos pedagógicos, criando critérios de avaliação e analises, a partir de seus ângulos, parâmetros e conceitos. Torna o aluno um mero objeto da pesquisa, analisado e direcionado pelo sujeito pesquisador, aquele que supostamente detém um conhecimento. Uma pesquisa deve dar resultados estimados e esperados em padrões e parâmetros, em modelos determinados por seus pesquisadores. Uma pesquisa leva a um resultado desejado, caso contrário ela é abandonada, não provará nada.

Educadores posicionam-se como detentores do saber e do poder, com onisciência e onipotência, esquecendo ou desconhecendo que saber, informação e conhecimento é uma troca simbiótica, entre o meio e o ser, entre um ser e outros a sua volta, o ser humano interage com o meio.

Relações de gênero tendem a fazer um equilíbrio no ambiente organizacional da relação discente e docente e poucos são os educadores que conseguem se posicionar em outra condição, na posição do educando.

Em citação de pesquisa em 1987, Irmã Jacinta ou Aparecida T. Garcia, diz que Edith Stein (Alemanha 1891-1942) tinha uma convicção: Só uma pessoa bem formada pode ser formadora (Ed. Loyola s/d). Enquanto Irmã Milani, chanceler da USC/SP, apresentando a obra de Garcia diz que “A missão da universidade é a tarefa indelegável da difusão do saber, mantendo a sincronia dos problemas do homem em seu tempo, em busca de uma sociedade mais humana, mais justa e mais cristã”. Milani diz ainda que a práxis pedagógica de Stein é um subsidio valioso à causa da mulher, a mulher educadora (idem).

Mulheres precisam de um esforço muito grande para ser notado em relação ao seu desempenho, segundo pesquisas relatadas em “Representações sociais das relações de gênero na educação superior”, um artigo em “Relações de Gênero no Espaço Organizacional”, por três editores e diversos autores (UFLA, Lavras/MG, 2004). 

Cargos de direções e coordenações de faculdades e centros universitários evidencia-se a predominância masculina. Parafraseando Rose-Marie Lagrave em “Trabalhar com Bourdieu” coordenado por Lagrave e Encrevé (Bertrand Brasil, 2005): Reconhecer-se dominada é um fato distribuído de forma desigual entre a população feminina, dentro de uma avaliação individual ou coletiva corresponde a fato que depende da posse de um capital escolar. Nem todas percebem tal posicionamento, depende de sua aquisição de conhecimento para identificar tal situação, diferindo em meios sociais ou proximidades de lutas femininas, já que muitas dizem estar acima disso.

Avanços rápidos acontecem no momento atual, no campo da ciência ou da tecnologia, e principalmente dos meios de comunicação. A universidade esta em alerta, necessitando um acerto de ritmo no seu caminhar, diz Thereza Marini, doutora e livre docente em didática na UNESP, em “A função do ensino e a formação do professor universitário” (Paulus, 2013).

 “É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distancia que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência completa”, palavras de Simone de Beauvoir (1908-1986), companheira de Michel Foucault. Vivemos um momento em que a função do intelectual específico deve ser reelaborada, Foucault (1926-1984) em Microfísica do poder.

É o aluno quem sente na pele os reflexos da qualidade do ensino escolar, uma qualidade percebida pelo seu grau de participação e aulas recebidas, o desconforto pelo que paga e pelo que recebe, diz Luiza Gavaldon no texto “A qualidade do ensino na visão do aluno” em “Educação sem Fronteiras: em discussão o ensino superior” (Pioneira, 1996). Um aluno não é uma caixa vazia à espera de ensinamentos, Carmem Carpinelli em “Avaliação Globalizadora: um desafio para a universidade” (idem). Gavaldon usou a palavra pele para designar uma percepção, uma simbologia com o uso da pele perceptiva.

A dinâmica da comunicação cria novos símbolos, juntam-se aos existentes e convivem diariamente, visuais ou dialéticos, A. Rosa em Dicionário de símbolos (Escala/SP). E os símbolos falam, falam de você, de mim, da sua família, do grupo de estudo e balada, das cidades do povo e da historia diz Maria Celina Nasser em “O que dizem os símbolos?” (Paulus, 2003).

A pele exprime um sentido, uma percepção, uma sensação do meio exterior. Estar dentro da própria pele é estar dentro de um corpo com braços e pernas, é perceber qual é a sensação e localização exata de algo, como diz Geneen Roth, em “Mulheres, Comida & Deus” (Lua de Papel, 2010). É a pele que interage com o meio, as primeiras sensações são através de terminais nervosos sob o tecido epitelial, sensores periféricos, a sensação térmica, úmido ou seco, agradável ou desagradável. A termorregulação com o ambiente, com frios e calafrios, suores e calores.
Um processo gerou um novo paradigma na universidade brasileira na década de 1960, por estudantes universitários, organizados na UNE, diz Sueli Mazzilli da Católica de Santos (Revista ANDES, 2011). A partir da Europa com a Primavera Árabe e o Occupy, os novos movimentos chegaram ao Brasil ocupando as ruas por novos norteamentos, políticos, educacionais e sociais.

A universidade é um espaço público, a ser ocupado com ideias e pessoas, e como diz Mirna Santiago, gestora e consultora de qualidade, professora e mestre universitária, com as palavras de Garvin: As organizações só aprendem por meio de indivíduos que aprendem. Mirna ainda acrescenta que uma organização para crescer e sobreviver deve investir em pessoas, com as palavras de Gomes (Dissertação de mestrado: Guimarães, M.S. in CT-UFRN, 2008. Natal/RN).

As citações de Mirna com Garvim e Gomes também são validas à instituições de ensino, formadas por pessoas: alunos, funcionários e professores. E o conhecimento é algo imaterial, intangível, que pode ser construído e administrado. “A criatividade precisa ser enfocada para que tenhamos consciência do nosso potencial para enfrentar desafios”, palavras de Marly Amarilha, do DFPE/UFRN (Jornal da UFRN, Nº 66 – outubro/2013)

FIM (1)



Entre Natal e Parnamirim/RN ─  24/11/2013
Jornal de HOJE



Palavras Chaves: gestão; genero; conhecimento

Palabras Clave: gestión; género; conocimiento

Key Words: management; gender; knowledge

PRÊMIO
DESTAQUES DO MERCADO - INFORMATICA 2013
Categoria Colunista em Informática


023.1461.13
CMEC - Cadastro Municipal de Entidades Culturais
Fundação Cultural Capitania das Artes
FUNCARTE
Natal/RN

Artigo publicado:

Construindo o conhecimento (1)
Jornal de HOJE | Ano XVI | Nº 4.796| pag. 2
Segunda-feira - 25/11/13
Natal/RN


Roberto Cardoso
(Maracajá)

ESTRATEGISTA

Cientista Social
Jornalista Científico
Reiki Master & Karuna Reiki Master

Colunista em Informática em Revista

Sócio Efetivo do IHGRN
(Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte)




segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A construção do conhecimento (10)

A construção do conhecimento (10)


O homem enquanto primitivo saia de sua caverna, ou de seu abrigo, em busca de alimentos. Em suas andanças observou o que outros animais colhiam e comiam. Provou, usou e abusou do conhecimento instintivo dos animais. Evitou envenenamentos comendo os mesmos frutos que pássaros comiam.

Em suas caminhadas estes homens primitivos caçavam e pescavam, catavam ou colhiam frutos, raízes e sementes. Observou que poucos animais estocavam alimentos. Apenas os que prevenidos, necessitavam se antecipar à fome e à seca, prevenir-se do frio e das entressafras, precisavam guardar reservas energéticas, glicídios e lipídios.

Todo conhecimento esta baseado na necessidade de comer. Digerir ideias e informações, alimentos e conhecimentos. Cada órgão está associado a um processo da digestão, de transformação e assimilação, de absorção e eliminação. Ideias e conhecimentos, todos controlados em etapas e processos pelo cérebro, que assimila e armazena as intangibilidades.

Antes os alimentos só eram consumidos in natura. O alimento retirado da planta vem com sua embalagem natural, as cascas. Agora os alimentos estão em conservas, conservados por novas embalagens em novas ideias e tecnologias. O conhecimento de cada um é construído entre gestões e digestões, com algumas congestões em excessos consumidos, ou deteriorados.

O homem atual é um ser considerado inteligente, considerado por si mesmo, e por seus próprios parâmetros. Mora agora em casas e apartamentos, e também sai de seu abrigo tal como o homem primitivo, sai em busca de alimentos e informação. Ao entrar em um mercado procura por alimentos frescos, modificados e industrializados. Naturais ou orgânicos, sem glúten, sem açúcar, ou sem aditivos químicos, indicados a esta ou aquela dieta, de restrições ou abusos.

Homens observaram que alguns animais guardam alimentos e outros não.  Viram nisto uma boa oportunidade para guardar, produzir e conservar, oferecer a quem pudesse pagar, ou estivesse impedido de arar e semear. Plantar e cultivar, colher e processar, embalar e distribuir.

O homem moderno entra em estabelecimentos, na busca de alimentos naturais e artificiais. Entra também em uma escola para obter conhecimentos enlatados, e customizados. Como não pode ou não teve como plantar, cultivar e colher, não há como sair em uma jornada errante, tem que buscar um conhecimento pronto para ser consumido, instantâneo, pronto para usar. Como na geometria, ou decora os teoremas e formulas básicas de triângulos, ou as deduz baseando-se em sombras projetadas por pirâmides, que mais parecem monumentos utópicos. Pessoas nascem e morrem sabendo que existiram, sem a certeza de que ainda existem, já que não tem oportunidade de ir ao Egito durante o tempo de sua existência.

Conhecimentos prontos para serem consumidos, são armazenados em HDs ambulantes, e utilizados nas empresas que usufruem e consomem o formando, o diplomado, como mão de obra especializada em conhecimentos cartesianos aprendidos. Uma escola oferece pelo menos duas opções de cardápios, em sala de aula com conhecimentos já preparados ou em uma biblioteca onde o consumidor ainda terá que construir suas interpretações. Com um cardápio melhorado oferece cursos de extensão, seminários e livrarias.

Ao final do período de aprendizado terá um comprovante, do seu conteúdo, sua composição, seus ingredientes e aditivos. O que foi utilizado, técnicas de preparo do estudante, em seu aprendizado, descritos em diplomas e históricos escolares, como um rotulo de embalagem ou bula de remédio, informando que assistiu às aulas e foi acompanhado por instrutores que aplicaram provas e testes durante o processo. E ao final o aluno teve um aprendizado considerado apto e com aproveitamento, compatível com as necessidades do mercado.  

Documentos com percentuais de aprendizagem, em uma escala de zero a dez, baseados em uma tabela considerada ideal e balanceada às indicações e objetivos do curso. Um documento carimbado, autorizado, protocolado, para quem quiser voar. Ou seja, foi um bom ouvinte e aprendeu tudo que lhe foi dito para aprender, decorar e responder.

Em caminhadas errantes o homem pode observar flores e frutos, caroços e sementes em estados diversos. Germinados, ou em germinação, deteriorados e por germinar. Assim pode avaliar e estimar uma sequencia de acontecimentos, organizando seu pensamento por um método, a natureza deu às chaves, os insights, a intuição para pensar de maneira organizada, sequencial.

Do mesmo modo foi observando que os dias seguiam após as noites e vice versa. Com o passar dos dias, e de tempos em tempos as condições climáticas também se repetiam. Épocas do frio e épocas do calor, épocas de chuvas e épocas de secas. Épocas que começavam com um frio ameno e culminavam com um frio intenso. Épocas que começavam com um calor agradável culminando com um calor abrasivo. Assim pode definir limites das estações com as estações de transição. Da mesma forma observou as fases da Lua, da fase crescente à fase minguante, do limite máximo ao limite mínimo. O dicionário possui uma enorme quantidade de palavras iniciando com a letra “C”, talvez a maior. Observaram outras modificações alteradas com os relevos e proximidades de mares e rios, lagos, lagoas e lagunas.

Associou e analisou as folhas e as flores das plantas onde colhia seus frutos. Observou e analisou as mudanças climáticas e astronômicas com o crescimento e desenvolvimento das plantas. Depois de incêndios em florestas observou que alguns animais sobreviventes se alimentavam daqueles consumidos pelo fogo. Aprendeu a levar a carne e outros alimentos ao calor, depois das próximas caçadas e coletas silvestres, quando já dominava o fogo.

O homem começou a articular seus pensamentos e suas ideias a partir do que observou a sua volta, começou a cientificar seus aprendizados e seus conhecimentos. Continua articulando ideias e pensamento, planifica conhecimentos e projeta resultados para o futuro.

Tal como a mulher que gera uma nova vida, o homem errante gerou ideias. Assimilou informações, construiu pensamentos, fez um processo de gestação, alimentou com novos conhecimentos e novas informações, até o momento de parir uma ideia. Começou um pensamento cientifico. Como um processo de gestação infinita vai construindo e organizando a gestão de seu próprio conhecimento.




Entre Natal e Parnamirim/RN ─  17/11/2013
Publicado em:
Jornal de HOJE
18/11/13
Natal/RN


Roberto Cardoso
(Maracajá)