domingo, 13 de julho de 2014

Jabutis em árvores (1)



Jabutis em árvores (parte 1)


Quando um jabuti fica aprisionado, imobilizado e impedido de prosseguir seu caminho, travado em sua trilha por uma tora sobre a sua carapaça. Preso por uma arvore caída, enquanto prosseguia em sua lenta marcha. Quando um jabuti é acometido por uma queda de uma árvore, que caia sobre o seu corpo impedindo seu deslocamento, o jabuti tem consciência, discernimento e paciência para esperar uma oportunidade de libertação.

Mas quando um jabuti é encontrado em cima de um galho de uma árvore, duvidas surgirão 
para uma tentativa de explicação. Há apenas uma certeza, o jabuti não subiu sozinho na árvore, alguém o colocou lá. O comportamento e as habilidades de um jabuti não facilitam as escaladas em árvores.

Terminada a Copa, só resta agora descobrir onde estão os jabutis e as lebres. Quem tem a velocidade necessária, e quem tem uma lentidão necessária. Habilidades e ocupações. Quando é necessário ser ligeiro como uma lebre, e quando se torna necessário ser paciente e lento como um jabuti. Enquanto a lebre tem velocidade e foco para atingir um objetivo ou um alvo, o jabuti tem o privilegio de acompanhar a trajetória da lebre e observar as suas falhas. Acompanhar seus movimentos, seus melhores e piores desempenhos em retas e curvas, em declives e aclives. Quando seria melhor avançar, recuar ou descansar.

A Alemanha antes da Segunda Guerra esteve em águas territoriais brasileiras e afundou alguns navios brasileiros. Atacou, deu os primeiros tiros, afundou navios e no final perdeu a guerra. Em 2014 esteve em estádios no Brasil e afundou algumas esquadras. A Alemanha sobreviveu à guerras, foi dividida, pagou dividas cobradas pelos vencedores das guerras, e com paciência ressuscitou das cinzas e dos escombros. Reunificou-se e reergueu-se proporcionando qualidade de vida à sua população, mesmo com uma rendição. 

A próxima Copa do Mundo em 2018 acontecera em um país que viveu os cenários de uma guerra. Um país que aproveitou seu inverno para vencer invasores. Soube usar seu terreno e suas intempéries para observar o inimigo e aguardar sua própria derrota, por fome e por frio. Com sua falta de planejamento. A Europa foi palco de guerras. Viveu dificuldades e soube aproveitar as oportunidades. Transformou suas guerras e batalhas em conhecimento.

A literatura infantil mostrou uma corrida entre a lebre e o jabuti. E crianças desde cedo brincam de pique e coridas, esconder e achar, disputando o primeiro lugar. As olimpíadas que acontecem em períodos entre guerras, desafiam povos e competidores, a vencer e ganhar. Obter a honra de ganhar uma medalha. E que seja uma medalha de ouro, de prata ou de bronze. Não há medalha ou lugar no pódio para quem termina em quarto lugar.

Comandantes não correm ao comando de avançar. O comandante da uma ordem ao corneteiro para tocar o toque de avançar; e observa o desempenho da tropa. Dependendo de seus objetivos, manda recuar ou avançar, com apoio de outras tropas, outros pelotões, ou outros batalhões, com baterias das cavalarias e artilharias.

E da mesma forma que os comandantes no campo de batalha, se comportam os técnicos de futebol (Coach). Posicionam-se em sua casamata à beira do campo. Controlam e comandam o time, de fora do campo, observando, analisando, ajustando, substituindo e fazendo as modificações necessárias.

O mundo gira, tal como uma bola. Os primeiros petardos e armas de mão foram esféricos, em formas de bola. Balas e bolas em campos de batalhas. Bolas em campos gramados. O planeta gira e tem uma forma de bola. Povos se divertem e brigam com bolas. Disputas são feitas com uma bola. Bolas pesadas na luta armada, na guerra em campo minado. Bolas coladas no campo gramado. Contingentes morrem por ebola e embolias. Muitos em parte desta guerra usam bolas e colas.


Entre Natal e Parnamirim/RN ─  13/07/2014







Texto produzido para:
Jornal de HOJE – Natal/RN




CMEC/FUNCARTE
Cadastro Municipal de Entidades Culturais da Fundação Cultural Capitania das Artes

Natal/RN




Roberto Cardoso










PRÊMIO
DESTAQUES DO MERCADO - INFORMATICA 2013
Categoria Colunista em Informática




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DESTAQUES DO MERCADO - INFORMATICA 2014


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Categoria: Colunista em Informática
Categoria: Segurança da Informação

Informática em Revista-Natal/RN



Cientista Social
Jornalista Científico
Reiki Master & Karuna Reiki Master


Colunista/Articulista
Informática em Revista - Natal/RN
Informática em Revista - João Pessoa/PB

Sócio Efetivo do IHGRN
(Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte)


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terça-feira, 1 de julho de 2014

As desconstruções do conhecimento (parte 5)

As desconstruções do conhecimento (parte 5)
 


Do ponto de vista dos países localizados no hemisfério norte, países do autodenominado primeiro mundo, sempre seremos os índios e os subdesenvolvidos. Insuficientes em algo ou alguma coisa: equipamentos e implementos; suprimentos e alimentos, comportamentos e conhecimentos. A partir de seus ângulos sempre nos faltam complementos, suplementos e replementos.
 

Cada um enxerga a partir do lugar onde pisa ou onde vive. E estes são os pontos de vistas de quem está em cima, de quem se posiciona, domina e detém o norte. O ponto de vista daqueles que determinam um norteamento, dos comportamentos e dos procedimentos.
Estigmatizam-nos historicamente, e levamos esta condição pela história como herança através dos tempos, anos e anos, séculos e séculos. Nossas terras foram descobertas porque não conheciam nada abaixo da linha do equador, o continente sul americano. Não constávamos em suas cartas e mapas. Em seguida fomos colonizados para poder participar e ter acesso às terras dos reis. Não tínhamos ideia de onde estávamos e não tínhamos comportamentos adequados para participar de seus mundos.
 

A bandeira nacional completa e reforça o estigma. Considerando que a faixa branca no meio do circulo azul, em uma posição tal como a linha do Equador. Acima da faixa que determina “Ordem e Progresso” existe apenas uma estrela. Um poder com uma determinação sobre outras estrelas em uma faixa de paz: tenham ordem para obter progresso. Abaixo da faixa de ordem é onde encontramos a constelação do Cruzeiro do Sul. A estrela do Norte é um marco celeste utilizado no hemisfério Norte e determina a direção norte. No hemisfério sul, o Cruzeiro do Sul indica a direção Sul. Navegadores ao adentrar no hemisfério sul, avistaram o Cruzeiro do Sul, e sulearam suas rotas.
 

Em seguida na história, depois do descobrimento, recebemos imigrantes que poderiam nos tornar um país do futuro. Denominaram o Brasil como celeiro do mundo. Desembarcaram os imigrantes para nos ensinar a plantar e colher, criar e cuidar. Aproveitaram o extrativismo e implantaram a agricultura criando excedentes na produção. Facilitaram a afirmação de que não éramos industrializados. Implantaram indústrias alimentícias. O volume de cargas gerado necessitou de transporte.
 

Com alimentos industrializados, importaram e implantaram outras indústrias para vender adubos e implementos agrícolas, como uma estratégia para aperfeiçoar resultados na agricultura. Hoje nos vendem produtos intangíveis: a qualidade e a inovação. Enquanto empresas e grupos internacionais detém o controle de outras empresas e indústrias, dos mais diversos setores, sem produzir e colocar capital em risco.
 

Para fazer a Copa 2004 em um país repetidamente campeão mundial, foi necessário destruir estádios e construir arenas. Embora campeões no futebol, não tínhamos instalações adequadas para receber o primeiro mundo. Como também não tínhamos aeroportos com vias de acesso e acessibilidade. Fomos descobertos, colonizados, imigrados e rifados.
 

De país subdesenvolvido ganhamos o título de país em desenvolvimento. Um poder é sempre exercido com o consentimento daqueles que estão na condição de oprimido. E assim o povo brasileiro foi conduzindo a sua história, tendo em conta que um dia poderia estar na posição de poder. E o índio ficou na condição ou posição mais inferior.
 

Hoje a população indígena ainda tem dificuldades na perpetuação de sua cultura. Tentativas já foram feitas para catequizar o índio logo após o descobrimento. Foram escravizados em prol da industrialização que acontecia na Europa e precisava de matéria prima.
 

Por algumas vezes movimentos e ações com tribos indígenas oferecem ajuda, mas impedem que a língua nativa e hábitos sejam utilizados, em movimentos que proporcionam aprendizagem e educação, acesso a alimentação e saúde. Falar a língua nativa pode ser um impedimento ao acesso de tecnologias e benfeitorias.
 

Alguns Índios que aprenderam a dominar seus idiomas, também aprenderam outra língua, o português. Estes já tiveram acesso á educação chegando à universidade. Alguns já possuem cursos de pós-graduação. Tentam aprender o conhecimento e as leis do homem branco, buscando proveitos, ações estratégicas numa tentativa de sobrevivência da espécie.

Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 19/06/2014
Texto produzido para:
Jornal Metropolitano – Parnamirim/RN

Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento
Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento
Key Words: management; quality; knowledge

CMEC/FUNCARTE
Cadastro Municipal de Entidades Culturais da Fundação Cultural Capitania das Artes
Natal/RN

As desconstruções do conhecimento (parte 4)

As desconstruções do conhecimento (parte 4)


 

Portugueses desembarcaram em terras descobertas, e trouxeram em suas bagagens novos hábitos e novos costumes. Novas ideias e comportamentos de economia, vestuário e alimentação. Uma alimentação bem diferente nos modos de preparo e costumes alimentares dos nativos. Implantaram suas ideias e sua religião. Tinham o domínio da escrita e da leitura, perpetuando e transferindo seus conhecimentos. E desconstruíram o conhecimento indígena a partir da implantação de seus conhecimentos importados do Velho Mundo.
 

O velho dominou e sobrepujou o novo. Índios nativos detinham um conhecimento que foi soterrado e calcificado tal como sambaquis. Um conhecimento que veio do Velho Mundo através do descobrimento e da ocupação do solo brasiliano, com descobrimento, colonização e imigração. Uma importação de ideias e comportamentos que foram influenciando e modificando a cultura local. Alguns pensadores admitem o inicio da globalização a partir do descobrimento de novas terras, com apoio e desenvolvimento da navegação. Hoje se navega na internet em busca de novos mundos e novas ideias.
 

E assim prosseguiu o velho sobrepujando o novo. O pensamento e o conhecimento do povo antigo, dominador e descobridor. Apresentam novas ideias substituindo as anteriores, implantadas por eles mesmos em outros momentos. Uma dominação simbólica com o conhecimento e autorização do dominado e do dominador. Todo controle acontece com um consentimento por parte do controlado. Um domínio simbólico conhecido e reconhecido pelo dominante e pelo dominado (Bourdieu), por um emblema ou distintivo, um estigma (idem).
 

Portugueses desembarcaram oficialmente no Brasil a partir de 1500. Havia um objetivo inicial: partiram de Portugal, e seu destino era chegar ás índias, contornando o continente africano. A intenção de obter especiarias através de um caminho marítimo. Não estava nos planos uma escala no Brasil para descobrimento e reabastecimento. Supostamente ventos e correntes marítimas mudaram os planos iniciais dos navegadores, e os destinos das terras brasileiras e seus habitantes primitivos.
 

A partir do suposto descobrimento, mudaram os objetivos de destino e objetivos econômicos, deixando de serem produtos de origem vegetal para os produtos de origem mineral. Sem, contudo não deixar de fazer uma exploração de fases, com o ciclo da cana de açúcar e exploração de pau Brasil. Seguindo o ciclo do ouro, com exploração de pedras preciosas. Um fato ficou famoso: estátuas ocas eram usadas para contrabandear pedras preciosas, os denominados santos do pau oco.
 

A partir da invenção da imprensa por Gutemberg o conhecimento torna-se mais acessível embora ainda restrito a pequenas parcelas de produtores, editores e autores. E de leitores que podiam ter acesso aos livros. O povo indígena ficou impossibilitado de transferir seus conhecimentos em mídias impressas.
 

Enquanto os portugueses desembarcaram e ocuparam uma parte da América, Os espanhóis desembarcaram e ocuparam outra parte da América, e dizimaram antigas
civilizações com conhecimentos seculares. O Novo Mundo foi dividido pelos dois ocupantes da península Ibérica. Cada qual com suas estratégias de ocupação e subtração.
 

Outros minerais ganharam importância no mundo moderno. Água e petróleo, produtos importantes em escalas de navios e aviões. Frotas internacionais reabastecem seus meios de transporte, e transportam animais e vegetais, produzidos em solo brasileiro com critérios e técnicas ditadas pelo Velho Mundo. O caso do santo do pau oco, agora camuflando uma exploração e subtração da água. Enormes quantidades do líquido precioso são usadas para produzir animais e vegetais para exportação, e outras tantas quantidade de petróleo no transporte da produção do campo para portos e aeroportos.

Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 08/06/2014
Texto produzido para:
Jornal Metropolitano – Parnamirim/RN

Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento
Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento
Key Words: management; quality; knowledge

CMEC/FUNCARTE
Cadastro Municipal de Entidades Culturais da Fundação Cultural Capitania das Artes
Natal/RN

As desconstruções do conhecimento (parte 3)

As desconstruções do conhecimento (parte 3)

O Brasil foi declarado descoberto no ano de 1500. Até então não constava em escritos e manuscritos, em mapas ou cartas náuticas, apenas hipóteses e suposições. Portanto não existia aos olhos da sociedade científica da época, reinante no Hemisfério Norte (Europa). E foi (re)descoberto, esquecido e abandonado no Hemisfério Sul.

No mar Mediterrâneo já reinava a troca de mercadorias, o comércio marítimo. Desde a história antiga com gregos e romanos, fenícios e egípcios. Povos navegadores e mercadores circulavam no Mar Mediterrâneo, trocando ideias e mercadorias. Enquanto na Terra Brasilis se praticava o extrativismo.

E o índio brasileiro ganhou fama de preguiçoso, não trabalhava e não estocava, só extraia da terra que o novo homem tomou posse. O índio ainda não havia aprendido acumular bens para barganhar e negociar em épocas difíceis. Tinham abundância de alimentos e não tinham intempéries que os obrigasse a fazer estoques.

As frotas de caravelas aportaram em regiões sul-americanas quando a mata atlântica ainda era intensa. As regiões de sertão, cerrado e caatinga foram alcançadas depois, de trans-passar as matas. Mais tarde com as Entradas e Bandeiras e seus sertanistas desbravadores, descobriram outros índios, com outros costumes.

Épocas difíceis não existiam em uma região, hoje um país com suas classificações, de clima tropical. Onde não havia falta de caça e pesca, com fartura de matas e florestas, rios e riachos, lagos e lagoas. E muito menos faltava na colheita de produtos vegetais nativos. Não havia invernos rigorosos que incentivasse a um estoque de alimentos ou produção de roupas e agasalhos. E o europeu chegou com todo o seu saber para ser implantado. Um saber de acordo com as suas necessidades e dificuldades.

Um saber oriundo de experiências e necessidades. Colonizadores enquadraram os índios no modelo europeu, desconstruindo seus conhecimentos. Absorveram alguns costumes e conhecimentos, mas não respeitaram uma intelectualidade de marca ou patente. Até os dias de hoje estrangeiros tentam, e por vezes conseguem, patentear produtos como: rapadura, cachaça e açaí.

Mais tarde imigrantes chegaram ao Brasil com sementes e mudas. Ideias e conhecimentos de monocultura e agricultura intensiva, enquanto os nativos não exploravam terrenos com monocultura e irrigação, uma agricultura intensiva. Nativos praticavam policultura com rodízios na plantação e mudanças de locais para plantio e moradia. Não eram donos das terras, não tinham escrituras de posse, podiam circular com facilidades. A monocultura implantada tinha por objetivo atender os novos moradores.

A Europa foi influenciada pela a Revolução Industrial. Enquanto o Brasil tinha uma população predominante de índios, deu um salto para o mundo moderno. Um povo que não era letrado, mas podia receber textos escritos. O europeu podia ler e implantar regras e conhecimentos.

Com toda atividade midiática europeia. Com todas as mídias de transferência de informação a partir do descobrimento do Brasil. Com todo este abafamento da cultura indígena, hoje ainda cultivamos alguns hábitos como o uso da rede. A nomenclatura de alguns pontos geográficos, tal como os indígenas denominavam, sobreviveu ao tempo, ficando como herança cultural. Embora hoje já não termos mais ideias de significados e origens de algumas toponímias. O tempo se incumbiu de mesclar ideias nomes, significados e origens.
Na alimentação os traços ficaram marcados também, como uso de raízes a exemplo da mandioca, macaxeira e aipim, que são raízes semelhantes. Com usos e nomenclaturas diversificados de acordo com as regiões, entre jiraus, papas e mingaus.

Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 31/05/2014
Texto produzido para:
Jornal Metropolitano
– Parnamirim/RN

Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento
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As desconstruções do conhecimento (parte 2)

As desconstruções do conhecimento (parte 2)

 

A principal historia contada, reconhecida e oficializada da ocupação do Brasil. A descoberta do Brasil é atribuída aos portugueses, tendo como personagem principal Pedro Álvares Cabral, constando em documentos escritos ter aportado com sua esquadra por estas terras no ano de 1500. Avistou, aportou e desembarcou; marcou, implantou uma cruz, rezou e tomou posse. No ano que se da inicio a uma historia oficializada, a história que se tornou oficial do Brasil. Teve como a certidão de nascimento e primeiro documento escrito a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal. O escrivão da frota que escreveu a famosa carta a partir de seus pontos de vista, seus conhecimentos e atribuições, funções e emoções.
 

Quando Cabral chegou ao Brasil, os índios que aqui habitavam possuíam um conhecimento. Um saber transmitindo experiências acumuladas por gerações e gerações. Quer seja pelo uso de sua linguagem com palavras e sinais, ou mesmo por gestos e atos de realização e confecção de fatos e artefatos. Ensinando uns aos outros em atividades, ou seja: a prática pela prática de quem ensina e de quem aprende. A práxis da transformação do ambiente, daquilo que a natureza ofertava.
 

Os navegantes portugueses chegaram ao denominado Novo Mundo, vindos da Europa, onde ficou denominado como o Velho Mundo. Dominavam a arte de ler e escrever, cantar em versos e prosas, a arte de pintar e retratar, falar e representar. Sabiam como transmitir ideias pela escrita, e por pinturas em telas. Em cantos e musicas, orquestradas ou não. Enfim possuíam mídias que podiam ser transportadas, transferindo e levando um conhecimento a quem interessava saber.
 

A carta de Pero Vaz de Caminha foi o primeiro registro sobre as novas terras. Este e outros relatos escritos inspiraram pintores a colocar sobre telas o ambiente e o habitante das novas terras, em terras de além mar. Criando assim ideias e imagens para quem não participou das novas descobertas. O conhecimento foi transmitido por textos e imagens a quem estava longe destas terras. Uma tela tem a inspiração e as ideias do pintor, junto com suas alegrias e tristezas do momento.
 

A denominação de mundos, um novo e outro velho, já dá um posicionamento diferenciado entre os dois mundos. Navegadores portugueses partiram de um mundo entendido como civilizado e chegaram a terras indígenas onde não reconheciam o seu Deus, já pintado em telas e reconhecido em textos. Uma situação de inferioridade e imaturidade, do novo Mundo, a partir do ponto de vista que os mais velhos, como o Velho Mundo, detêm um conhecimento e uma experiência, uma vivencia. E o conhecimento do indígena foi submetido ao conhecimento daqueles que se denominaram descobridores e desbravadores das novas terras. O conhecimento do Novo Mundo ficou subordinado ao conhecimento do Velho Mundo. Uma caravela com velas estendidas, estampadas e estufadas ao vento já foi uma imposição diante canoas esculpidas em troncos, movidas por remos e varas. A roupagem do oficialato da frota cabrália diante índios nus e seminus foi outra imposição.
 

O indígena não tinha memórias escritas, construía uma história oral contada pelos também mais velhos de geração em geração, entre musicas e cantos praticados em
momentos especiais com instrumentos rudimentares, a partir do ponto de vista do eurocentrismo. E boa parte do conhecimento indígena, o povo nativo das atuais terras brasileiras foi excluído, desconstruído, diante das estratégias midiáticas de informação que poderiam levar de volta, ao local de onde partiram notícias das novas terras.
 

Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 19/05/2014
Texto produzido para:
Jornal Metropolitano
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Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento
Key Words: management; quality; knowledge
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Roberto Cardoso
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As desconstruções do conhecimento (parte 1)

As desconstruções do conhecimento (parte 1)
 
Deus apresentou e ofertou a Moisés as taboas com as novas leis. As novas regras que deveriam ser cumpridas a partir daquele momento. Revogando todas as disposições contrarias e regras anteriores. Regras que deveriam ser cumpridas em respeito a autoridade máxima do conhecimento, o Criador.
 
A tomada de Constantinopla (1453) mudou a história do mundo a partir da Europa e o destino daqueles que habitavam o continente sul-americano, até então, supostamente desconhecido. Constantinopla a meio caminho da Europa e da Ásia foi ocupada (29/05/1453), por invasores vindos da Ásia, a Leste. Fato que obrigou alguns países, mercadores da Europa, a procurar outro caminho para chegar as Índias em busca de saberes e sabores que os diferenciavam uns dos outros. Lançaram-se ao mar: Cabral partiu o rumo ao Sul e Colombo rumo ao Oeste. Uma mudança de paradigma, a necessidade em obter as especiarias os obrigou a sair da Europa, pelos mais diversos motivos: descobrir um caminho marítimo ou provar que a Terra é redonda.
 
A cultura de um povo se constrói a partir dos seus hábitos e costumes começando pelo que usa como alimento, como prepara o alimento e como se alimenta. Entre animais e vegetais, e mais alguns minerais, inúmeras misturas e combinações associadas ao modo e ordem de preparo podem ser feitas criando-se uma culinária típica de um povo. Conhecimentos de saberes e sabores europeus foram alterados, tomaram outros rumos com a ocupação de Constantinopla. Vieram novas necessidades e novos desafios. Seus conhecimentos foram destruídos e desconstruídos, levando a uma necessidade de reconstrução de conhecimentos, associados ao passado e ao futuro, entre os novos e os antigos saberes e sabores.
 
Todo ponto de vista é a vista de um ponto. A partir do lugar onde viveu e conviveu, onde realizou experiências, vivencias e convivências. O local onde construiu seus conhecimentos e realizou seus estudos e suas pesquisas, na sociedade em que cresceu e pertenceu. O homem é resultado do meio onde vive e onde se forma. O homem transforma o meio e o meio transforma o homem, sendo o meio mais forte que o homem.
Duvidas sempre ficarão na história: O Brasil foi descoberto pelos portugueses com a chegada de Pedro Álvares Cabral? Ou teriam os índios habitantes do litoral, encontrado Cabral e sua esquadra à deriva, perdidos no litoral brasileiro? A primeira chegada ao Brasil teria acontecido no atual litoral da Bahia ou no atual litoral do Rio Grande do Norte? E os vestígios indecifráveis supostamente fenícios? Quando teriam passado por estas terras? Seriam resultados de visitas pelo mar em longas viagens com embarcações? Ou vestígios de quando os continentes eram mais próximos?
 
Cada qual contara a sua historia, sob o seus pontos de vistas: o de quem chega, o de quem parte e o de quem fica. O de quem passa e não fica, e os de quem recebem visitantes e ocupantes. Todo ponto de vista é a vista de um ponto, e cada um enxerga a partir do lugar onde pisa, com seus saberes e sabores adquiridos ao longo de uma existência.
 
Ciclos se repetem: vegetal, animal e mineral. Deus criou primeiro o céu e a terra compostos de minerais. Depois criou os vegetais, os frutos e as sementes. Daí então criou os seres vivos animais. Os europeus saíram de suas terras onde já exploravam minerais. Navegaram e avistaram terras cobertas de matas, encontraram índios e animais, e se encantaram com os minerais.
 
Descobridores amistaram-se com os índios, para descobrir animais, vegetais e minerais. Levaram aves e animais exóticos ou desconhecidos. Exportaram o pau Brasil, e passaram a exportar ouro e pedras preciosas. A história do Brasil antigo se divide em ciclos: animal, vegetal e mineral, da escravatura, da cana de açúcar, e do ouro.
 
Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 19/05/2014

Texto produzido para: Jornal Metropolitano. Parnamirim/RN

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