As desconstruções do conhecimento (parte 5)
Do ponto de vista dos países localizados no hemisfério norte, países do autodenominado primeiro mundo, sempre seremos os índios e os subdesenvolvidos. Insuficientes em algo ou alguma coisa: equipamentos e implementos; suprimentos e alimentos, comportamentos e conhecimentos. A partir de seus ângulos sempre nos faltam complementos, suplementos e replementos.
Cada um enxerga a partir do lugar onde pisa ou onde vive. E estes são os pontos de vistas de quem está em cima, de quem se posiciona, domina e detém o norte. O ponto de vista daqueles que determinam um norteamento, dos comportamentos e dos procedimentos.
Estigmatizam-nos historicamente, e levamos esta condição pela história como herança através dos tempos, anos e anos, séculos e séculos. Nossas terras foram descobertas porque não conheciam nada abaixo da linha do equador, o continente sul americano. Não constávamos em suas cartas e mapas. Em seguida fomos colonizados para poder participar e ter acesso às terras dos reis. Não tínhamos ideia de onde estávamos e não tínhamos comportamentos adequados para participar de seus mundos.
A bandeira nacional completa e reforça o estigma. Considerando que a faixa branca no meio do circulo azul, em uma posição tal como a linha do Equador. Acima da faixa que determina “Ordem e Progresso” existe apenas uma estrela. Um poder com uma determinação sobre outras estrelas em uma faixa de paz: tenham ordem para obter progresso. Abaixo da faixa de ordem é onde encontramos a constelação do Cruzeiro do Sul. A estrela do Norte é um marco celeste utilizado no hemisfério Norte e determina a direção norte. No hemisfério sul, o Cruzeiro do Sul indica a direção Sul. Navegadores ao adentrar no hemisfério sul, avistaram o Cruzeiro do Sul, e sulearam suas rotas.
Em seguida na história, depois do descobrimento, recebemos imigrantes que poderiam nos tornar um país do futuro. Denominaram o Brasil como celeiro do mundo. Desembarcaram os imigrantes para nos ensinar a plantar e colher, criar e cuidar. Aproveitaram o extrativismo e implantaram a agricultura criando excedentes na produção. Facilitaram a afirmação de que não éramos industrializados. Implantaram indústrias alimentícias. O volume de cargas gerado necessitou de transporte.
Com alimentos industrializados, importaram e implantaram outras indústrias para vender adubos e implementos agrícolas, como uma estratégia para aperfeiçoar resultados na agricultura. Hoje nos vendem produtos intangíveis: a qualidade e a inovação. Enquanto empresas e grupos internacionais detém o controle de outras empresas e indústrias, dos mais diversos setores, sem produzir e colocar capital em risco.
Para fazer a Copa 2004 em um país repetidamente campeão mundial, foi necessário destruir estádios e construir arenas. Embora campeões no futebol, não tínhamos instalações adequadas para receber o primeiro mundo. Como também não tínhamos aeroportos com vias de acesso e acessibilidade. Fomos descobertos, colonizados, imigrados e rifados.
De país subdesenvolvido ganhamos o título de país em desenvolvimento. Um poder é sempre exercido com o consentimento daqueles que estão na condição de oprimido. E assim o povo brasileiro foi conduzindo a sua história, tendo em conta que um dia poderia estar na posição de poder. E o índio ficou na condição ou posição mais inferior.
Hoje a população indígena ainda tem dificuldades na perpetuação de sua cultura. Tentativas já foram feitas para catequizar o índio logo após o descobrimento. Foram escravizados em prol da industrialização que acontecia na Europa e precisava de matéria prima.
Por algumas vezes movimentos e ações com tribos indígenas oferecem ajuda, mas impedem que a língua nativa e hábitos sejam utilizados, em movimentos que proporcionam aprendizagem e educação, acesso a alimentação e saúde. Falar a língua nativa pode ser um impedimento ao acesso de tecnologias e benfeitorias.
Alguns Índios que aprenderam a dominar seus idiomas, também aprenderam outra língua, o português. Estes já tiveram acesso á educação chegando à universidade. Alguns já possuem cursos de pós-graduação. Tentam aprender o conhecimento e as leis do homem branco, buscando proveitos, ações estratégicas numa tentativa de sobrevivência da espécie.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 19/06/2014
Texto produzido para:
Jornal Metropolitano – Parnamirim/RN
Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento
Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento
Key Words: management; quality; knowledge
CMEC/FUNCARTE
Cadastro Municipal de Entidades Culturais da Fundação Cultural Capitania das Artes
Natal/RN
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