A
Mesquita Vital
A casa daqueles personagens que
apresentam uma memória escrita, histórica ou geográfica, está aniversariando. O
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) completou 112
anos de existência em 29 de maio de 2014. Foi idealizado por Vicente de Lemos nos
longínquos 1902, o princípio do século passado. Não resta dúvida que no século
XIX já pairavam e suspiravam pelos ares natalenses algumas ideias de como conservar
e preservar memórias. Um legado a ser deixado ao futuro.
Legados ao futuro com
histórias e memórias, compatíveis com um elefante. História e Estórias de Acari
à Vila Flor, percorrendo as letras do alfabeto e as terras potiguares, com
jardins, lagoas e serras, santos e santas; da ponta do Cotovelo a ponta do Calcanhar.
Passando pelo olhar do elefante e de Santa Luzia em Mossoró; pelo faro paquiderme
em Alexandria e suas patas no Seridó.
O Instituto está atualmente sob
a presidência de Valério Mesquita. De Olímpio Vital a Mesquita, muitos já assumiram
o comando da nau sempre capitaneada por figuras ilustres. E um número maior de
personagens e intelectuais, já lustraram as cadeiras da casa. Figuras ilustres
de reconhecimento nacional como Câmara Cascudo, e mais tantos outros que
cederam seus nomes a logradouros públicos da cidade onde se localiza a sua sede:
Natal/RN.
A Meca da cultura
norte-rio-grandense, o lugar para onde os registros se encaminham pelo menos
uma vez, ano a ano. A história, a geografia, e a cultura se direcionam e se
posicionam de frente para uma mesquita, a Meca cultural potiguar. A geografia
de hoje é a história amanhã; da sociologia ao espaço público; do comportamento
humano à modificação do espaço físico terrestre. E neste espaço arquitetônico e
arquivístico sempre esteve presente a geografia que se tornou história.
Uma Mesquita Vital que
retrata, relata e documenta a vida, a arte e a cultura norte-rio-grandense: registra-se,
arquiva-se e publica-se. Agora o lugar e o momento que todos devem refletir:
ano de Copa do Mundo e ano de uma aproximação maior de Saturno com o nosso planeta.
Todos devem parar; olhar e meditar sobre seus objetivos preservacionais. O
mundo está mudando, Natal e o RN estão mudando. Mudam pela Copa, pelo momento mundial
ou universal, e cabe agora decidir: continuar a preservar a memória ou deixar
que se dilua no momento líquido que vivemos. Um momento onde tudo se mistura e
mescla com facilidade, difunde-se e perde-se no correr das águas.
Fundado em 29/03/1902, o
IHGRN tem por definição estatutária algumas atividades. Reunir documentos,
catalogar, criar métodos, arquivar são algumas das finalidades do IHGRN.
Vivemos hoje uma época de tecnologias computacionais e virtuais. E o IHGRN se
encarrega agora de uma nova missão, mais árdua e mais complexa: preservar seu
acervo com a tecnologia atual. Com instalações físicas compatíveis e com
equipamentos tecnológicos compatíveis e ágeis para serem utilizados.
O IHGRN atravessou décadas, séculos
e milênios. Entre multimídias e multiexpertises, entre filmes, fotos,
fotografias e microfilmagens. De arquivos manuscritos a arquivos digitalizados.
Do olhar da lente da câmera para o olhar do scanner; da caneta tinteiro a
caneta escaneadora; da maquina de escrever ao teclado e mouse do computador;
dos livros impressos aos e-books; das ‘caixas box’ aos ‘pen drives’ e cartões
de memória. Do segundo milênio ao terceiro milênio.
Arquivos em nuvens, entre
tecnologias da informação e comunicação (TICs). A missão maior do IHGRN é
manter o preservarcionismo documental diante uma globalização que tende a mixar
economias, histórias, culturas e ideias, com a tendência de uma dominação
simbólica daquele povo que se destacar diante de outros povos.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 30/03/2014
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Texto escrito para:
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Jornal
de HOJE – Natal/RN
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