Uma
komunikologia no militarismo.
Já foi escrito e publicado um
livro com o título “O Corpo fala”. E outros livros seguiram o mesmo caminho. Interpretando
modos, hábitos e costumes, poses, jeitos e trejeitos. Cada qual tentando
interpretar uma linguagem emitida pelo corpo. Tentando interpretar um
conhecimento oculto ou tentado ser escondido. Uma tentativa de descobrir uma
komunikologia, um texto simbólico, sem palavras e sem fala.
E um fardamento militar pode
falar também. A farda que torna todos os soldados iguais, a farda que encobre o
corpo de um soldado, tentando esconder sua fala. A farda que unifica os corpos tornando-os
corpos comuns. Cria um conjunto de corpos formando as corporações militares. A
farda tem uma mensagem inscrita e escrita. Entre as posições de sentido e
descansar. Do comando de fora de forma ao comando de marchar. Entre insígnias, faixas
e adereços; nomes, postos, cargos e patentes, as fardas tem uma informação a
declarar.
A primeira mensagem de uma
farda é a qual corporação pertence. As forças militares (Exercito, Marinha ou
Aeronáutica), com as cores das matas, dos céus e das espumas das ondas; ou as
forças auxiliares (Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros), com cores que podem
lembrar neutralidade e paz, perigo e fogo. E a partir daqui cada soldado, da
força militar ou da força auxiliar começará aprender a interpretar as
informações contidas nas fardas da sua corporação. Como saber interpretar se
aquele que veste a farda é um oficial ou um não oficial, na maioria das vezes
conhecidos como praças. Graduados e não graduados, aprendendo a identificar,
oficiais subalternos e oficiais superiores, chegando aos oficiais generais.
Em uma guerra ou batalha
todos podem ser considerados como soldados. Tem a obrigação e o dever de estar
fixados em locais para onde foram designados. E um soldado é formado com o
conhecimento de que diante um oficial deve ser apresentado. Devem oferecer
maiores esclarecimentos e informações, que não constam em seu armamento ou fardamento.
Informar seu nome, sua patente e seu número. Informar a que batalhão ou
grupamento pertence. As patentes de um cabo, um soldado ou sargento, com um
número de divisas, estão à esquerda e â direita, nas mangas das camisas e
gôndolas dos uniformes. Em uma posição frente e à frente, estão fora do alcance
dos olhos do oficial.
O soldado desde o
alistamento obedece a uma estatura mínima definida, O soldado em posição de
sentido, frente a frente ao oficial, poderá avistar as divisas no uniforme do
oficial, localizada sobre seus ombros. Enquanto um soldado sempre estará em pé
e em posição de sentido, diante ao oficial, ao se apresentar; o oficial
comandante a sua frente poderá estar sentado. Outras informações podem estar
contidas na frente do uniforme do oficial, como insígnias e brevês, medalhas e
condecorações.
Os soldados, os cabos, e os
sargentos têm suas divisas de patentes e símbolos de suas atividades ou
especialidades localizadas em seus braços, para que no campo de batalha,
olhando e atirando na direção onde esta o inimigo, reconheçam aquele que está
ao seu lado. E seus amigos e companheiros precisam estar dentro de seu campo
visual.
Soldados reformados e
militares aposentados, depois de anos de batalhas ou anos de caserna podem não
reconhecer aqueles que estão ao seu lado. Não conhecem o paisano ao seu lado, já
que não usam uniformes, nem tem suas patentes e especialidades identificadas.
Um elemento sem patente e sem uniforme, ou com um uniforme diferenciado ao seu
lado, pode ser um inimigo infiltrado.
A posição mais comum, conhecida
por militares e não militares, a posição mais simples do militar é a posição de
sentido. Uma posição imóvel, onde deve estar atendo aos seus próprios sentidos.
Principalmente o sentido de ouvir, saber identificar de onde pode vir a próxima
ordem de comando. Um comando verbal de quem esta no comando da tropa ou de um
toque de corneta, e até comandos efetuados com um apito. Desde cedo são
habituados a ficar com sentidos atentos aos toques de comando, por cornetas ou
apitos, que podem ser mais bem identificados no meio de uma batalha, ou em meio
a um nevoeiro ou uma tempestade.
A passagem de comando de uma
tropa é passada com as tropas em posição de sentido, em uma posição estática. Em
um silêncio total para que os soldados formados e perfilados possam ouvir e
depois reconhecer uma nova voz, a que substitui a anterior que estava no
comando da sua tropa. Em posição de sentido só um mosquito pode zumbir. E
mentes ficam com pensamento positivo, atentas aos acontecimentos. Um pensamento
positivo impedindo que o mosquito chegue a seus rostos descobertos, colocando
em risco seus próprios sentidos.
Quando uma tropa é passada
em revista por um oficial mais graduado, é o momento que o militar perfilado
tem a oportunidade de obervar mais proximamente aquele oficial condecorado. Com
corpo imóvel e olhos atentos, podem acompanhar os movimentos do oficial que
circula entre as colunas e fileiras, da corporação formada. E para aproveitar
este momento devera estar com seu uniforme impecável, rosto limpo e asseado.
E mais informações podem
estar contidas nos uniformes. Há uniformes diferentes para ocasiões e momentos
diferentes. Uniforme de educação física, uniforme de instrução militar,
uniforme de expediente, uniforme social e uniforme de gala. Cada modelo de
uniforme poderá contar com algumas variações, permitidas e determinas por
regulamentos. Com acessórios diferentes poderão ter modelos de roupas e armas
diferentes E cada qual poderá portar uma arma diferente, de acordo com o
momento e ocasião. Um fuzil com um uniforme de instrução, um revolver ou uma
pistola para um uniforme mais burocrático e social. E um espadim em um uniforme
de gala, criando uma visão mais elegante. Um traje elegante com uma arma mais
elegante e mais social, admitida em uma festa, cerimônia ou solenidade.
Uma celebração de casamento
de um amigo ou colega oficial, realizada em uma igreja, outras armas podem ser
admitidas e permitidas, como as espadas. Em determinado momento do cerimonial, os
amigos do noivo ficam frente a frente. E as espadas são empunhadas e cruzadas no
alto para que os noivos passem por baixo, de um caminho formado. Uma espada
lembra o símbolo da cruz, e a defesa da cruz. Espadas que se cruzam formam uma
nova cruz, e cruzadas na igreja indicam um novo caminho ao novo casal. Entre a
cruz e a espada.
E antes de entrar pelo
caminho formado pela cruz e pela espada, os noivos já fizeram alianças.
Roberto Cardoso
Natal/RN
08/01/15
Texto
disponível em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário