quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Uma komunikologia no militarismo.

Uma komunikologia no militarismo.

Já foi escrito e publicado um livro com o título “O Corpo fala”. E outros livros seguiram o mesmo caminho. Interpretando modos, hábitos e costumes, poses, jeitos e trejeitos. Cada qual tentando interpretar uma linguagem emitida pelo corpo. Tentando interpretar um conhecimento oculto ou tentado ser escondido. Uma tentativa de descobrir uma komunikologia, um texto simbólico, sem palavras e sem fala.

E um fardamento militar pode falar também. A farda que torna todos os soldados iguais, a farda que encobre o corpo de um soldado, tentando esconder sua fala. A farda que unifica os corpos tornando-os corpos comuns. Cria um conjunto de corpos formando as corporações militares. A farda tem uma mensagem inscrita e escrita. Entre as posições de sentido e descansar. Do comando de fora de forma ao comando de marchar. Entre insígnias, faixas e adereços; nomes, postos, cargos e patentes, as fardas tem uma informação a declarar.

A primeira mensagem de uma farda é a qual corporação pertence. As forças militares (Exercito, Marinha ou Aeronáutica), com as cores das matas, dos céus e das espumas das ondas; ou as forças auxiliares (Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros), com cores que podem lembrar neutralidade e paz, perigo e fogo. E a partir daqui cada soldado, da força militar ou da força auxiliar começará aprender a interpretar as informações contidas nas fardas da sua corporação. Como saber interpretar se aquele que veste a farda é um oficial ou um não oficial, na maioria das vezes conhecidos como praças. Graduados e não graduados, aprendendo a identificar, oficiais subalternos e oficiais superiores, chegando aos oficiais generais. 

Em uma guerra ou batalha todos podem ser considerados como soldados. Tem a obrigação e o dever de estar fixados em locais para onde foram designados. E um soldado é formado com o conhecimento de que diante um oficial deve ser apresentado. Devem oferecer maiores esclarecimentos e informações, que não constam em seu armamento ou fardamento. Informar seu nome, sua patente e seu número. Informar a que batalhão ou grupamento pertence. As patentes de um cabo, um soldado ou sargento, com um número de divisas, estão à esquerda e â direita, nas mangas das camisas e gôndolas dos uniformes. Em uma posição frente e à frente, estão fora do alcance dos olhos do oficial. 

O soldado desde o alistamento obedece a uma estatura mínima definida, O soldado em posição de sentido, frente a frente ao oficial, poderá avistar as divisas no uniforme do oficial, localizada sobre seus ombros. Enquanto um soldado sempre estará em pé e em posição de sentido, diante ao oficial, ao se apresentar; o oficial comandante a sua frente poderá estar sentado. Outras informações podem estar contidas na frente do uniforme do oficial, como insígnias e brevês, medalhas e condecorações. 

Os soldados, os cabos, e os sargentos têm suas divisas de patentes e símbolos de suas atividades ou especialidades localizadas em seus braços, para que no campo de batalha, olhando e atirando na direção onde esta o inimigo, reconheçam aquele que está ao seu lado. E seus amigos e companheiros precisam estar dentro de seu campo visual.

Soldados reformados e militares aposentados, depois de anos de batalhas ou anos de caserna podem não reconhecer aqueles que estão ao seu lado. Não conhecem o paisano ao seu lado, já que não usam uniformes, nem tem suas patentes e especialidades identificadas. Um elemento sem patente e sem uniforme, ou com um uniforme diferenciado ao seu lado, pode ser um inimigo infiltrado.

A posição mais comum, conhecida por militares e não militares, a posição mais simples do militar é a posição de sentido. Uma posição imóvel, onde deve estar atendo aos seus próprios sentidos. Principalmente o sentido de ouvir, saber identificar de onde pode vir a próxima ordem de comando. Um comando verbal de quem esta no comando da tropa ou de um toque de corneta, e até comandos efetuados com um apito. Desde cedo são habituados a ficar com sentidos atentos aos toques de comando, por cornetas ou apitos, que podem ser mais bem identificados no meio de uma batalha, ou em meio a um nevoeiro ou uma tempestade.

A passagem de comando de uma tropa é passada com as tropas em posição de sentido, em uma posição estática. Em um silêncio total para que os soldados formados e perfilados possam ouvir e depois reconhecer uma nova voz, a que substitui a anterior que estava no comando da sua tropa. Em posição de sentido só um mosquito pode zumbir. E mentes ficam com pensamento positivo, atentas aos acontecimentos. Um pensamento positivo impedindo que o mosquito chegue a seus rostos descobertos, colocando em risco seus próprios sentidos.

Quando uma tropa é passada em revista por um oficial mais graduado, é o momento que o militar perfilado tem a oportunidade de obervar mais proximamente aquele oficial condecorado. Com corpo imóvel e olhos atentos, podem acompanhar os movimentos do oficial que circula entre as colunas e fileiras, da corporação formada. E para aproveitar este momento devera estar com seu uniforme impecável, rosto limpo e asseado.

E mais informações podem estar contidas nos uniformes. Há uniformes diferentes para ocasiões e momentos diferentes. Uniforme de educação física, uniforme de instrução militar, uniforme de expediente, uniforme social e uniforme de gala. Cada modelo de uniforme poderá contar com algumas variações, permitidas e determinas por regulamentos. Com acessórios diferentes poderão ter modelos de roupas e armas diferentes E cada qual poderá portar uma arma diferente, de acordo com o momento e ocasião. Um fuzil com um uniforme de instrução, um revolver ou uma pistola para um uniforme mais burocrático e social. E um espadim em um uniforme de gala, criando uma visão mais elegante. Um traje elegante com uma arma mais elegante e mais social, admitida em uma festa, cerimônia ou solenidade. 

Uma celebração de casamento de um amigo ou colega oficial, realizada em uma igreja, outras armas podem ser admitidas e permitidas, como as espadas. Em determinado momento do cerimonial, os amigos do noivo ficam frente a frente. E as espadas são empunhadas e cruzadas no alto para que os noivos passem por baixo, de um caminho formado. Uma espada lembra o símbolo da cruz, e a defesa da cruz. Espadas que se cruzam formam uma nova cruz, e cruzadas na igreja indicam um novo caminho ao novo casal. Entre a cruz e a espada. 

E antes de entrar pelo caminho formado pela cruz e pela espada, os noivos já fizeram alianças.




Roberto Cardoso
Natal/RN 08/01/15

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