A
desconstrução do conhecimento (2)
O escalonamento do
aprendizado e do conhecimento é dividido em três graus, três etapas, três
estágios, do básico ao superior. Do primeiro grau ao terceiro grau, onde termina
e determina uma graduação. O que vem depois é denominado com algo posterior,
além do tradicional, um pós-conhecimento, a pós-graduação, já indicando que não
é para todos. Apenas para aqueles que desejam, e podem ir além.
A princípio o escalonamento
do conhecimento é dividido em três degraus; alto, baixo e mediano; alto, baixo
e médio; tal como três classes sociais, alta, média e baixa. Um modo de
diferenciar uns de outros, estabelecendo os extremos e admitindo uma classe
mediana. Tudo se nivela por três patamares, até a administração pública com os governos:
municipal, estadual e federal, um sobrepondo o outro. O topo da pirâmide
controla a base e o intermediário. O homem sempre procurou estabelecer três
níveis aos seus conceitos, de modo consciente ou inconsciente: Pai, Filho e
Espírito; alma, corpo e mente. Tal como os estados da matéria: gasoso, liquido
e sólido O liquido é um estado intermediário entre o solido e o gasoso, e
permite uma visualização de suas misturas, que podem se tornar homogêneas,
diferente dos sólidos que podem se tornar homogêneas ou heterogêneas,
dependendo dos pontos de vista das analises.
Um ser mortal e comum,
primeiro conclui o curso fundamental, ou primeiro grau, onde se conclui que
obtenha conhecimentos fundamentados e fundamentais. Após o curso fundamental
ingressa no curso de nível médio, por outras vezes, também chamado de segundo grau.
Onde se conclui que termine com um conhecimento mediano, diante do proposto em
três etapas, atingida com o terceiro grau ou nível superior, onde há uma
solidez, uma graduação. O estudante começa por um estado gasoso, passa ao
estado liquido e chega ao estado sólido. Os líquidos se misturam com
facilidade, daí hoje a sociedade ser considerada liquida. Com novas regras e
opções de mercado, se faz uma sublimação chegando rapidamente a outro estado, em
pouco tempo vai-se do gasoso ao sólido, do nível fundamental ao nível superior
e além.
Terminadas as duas primeiras
etapas, então poderá almejar uma faculdade obtendo uma graduação, onde se
tornará um cidadão graduado, diferenciado dos outros. Tornando-se um bacharel
ou um licenciado em determinada área do conhecimento, solidificando seus
conhecimentos. Terminado o curso de nível superior terá direito ao conhecimento
e reconhecimento, respaldado por diplomas e honras, com rituais e memoriais.
Um estudante seguindo o
tramite legal, formal e temporal da educação leva ou levaria anos para concluir
a graduação, a obtenção do diploma de bacharelado. Com mais alguns anos depois
de bacharel, um diploma de especialista (lato sensu). Depois mais alguns outros
anos a percorrer para obter primeiro um título de mestre, e seguidamente depois
obter um título de doutor (stricto senso). Pós-graduação não cofere diplomas,
confere títulos de especialista, mestre e doutor. Títulos de saber e
conhecimento em um determinado tema específico; especialistas, mestres e
doutores em determinado assunto. E por muitas das vezes não é a especialidade
da banca de avaliação.
Uma inundação de faculdades
com cursos denominados tecnológicos invadiu as cidades. Proporcionou uma
conclusão do nível superior em menor tempo. A grande chamada aos cursos
tecnológicos foi a possibilidade obter um curso superior em menor tempo;
prestar concursos públicos que exigissem nível superior; e uma possível entrada
no mercado de trabalho antes de prazos mais extensos da graduação.
Cursos voltados ao mercado
de trabalho. Grades curriculares montadas de acordo com as necessidades
apresentadas pelas empresas que foram consultadas e requisitadas. Mas mudanças
conceituais e mercadológicas são dinâmicas. As fabricas produzem produtos com quantidades,
qualidades e finalidades de acordo com a demanda e oferta do mercado. Fato que
não é corrigido dentro dos cursos preparatórios para o mercado de trabalho.
Cursos preparatórios com status de faculdade. O conhecimento é uma mercadoria
renovável, ótima mercadoria para instituições escolares, uma mercadoria de
pouco tempo de prateleira.
Depois do incentivo governamental
para fazer cursos técnicos, pregou-se que o conhecimento técnico não era mais
suficiente. Não bastou ser técnico para ocupar um espaço intermediário entre a
produção e a coordenação, entre a base e o topo da pirâmide, seria preciso ser
tecnólogo. A pirâmide foi redimensionada e adaptou-se o espaço do tecnólogo. Desconstruiu-se
o que estava construído.
Pelas ruas e avenidas, em
faixas e cartazes, ou distribuição de folhetos é possível encontrar
oportunidades para fazer e concluir o primeiro grau em alguns dias, o segundo
grau com ou sem especialização em alguns meses. Em mídias mais restritas e mais
expensas (outdoor e busdoor), com maior apelo mercadológico; jornais e revistas
para públicos mais específicos, já encontramos oferecimentos de cursos
superiores com conclusão em reduzido espaço de tempo. Incluindo-se os cursos à
distancia (EaD), com raras atividades presenciais, a não ser para mensurar
conhecimentos. E continua-se a desconstruir o conhecimento construído. Quanto
mais fácil o acesso a um titulo escolar, maior será a sua desvalorização
proporcionada por uma “inflação de títulos” (Bourdieu).
Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 10/05/2014
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Texto escrito para: Jornal de HOJE
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