A
usurpação da ciência
PDF 457
V. Pk.
Coletânea de artigos sobre o tema, do ponto de vista crítico da ciência com seus usos, seus atributos e seus abusos.
Textos publicados no período de 06/08/13 a 9/09/13, no Jornal de Hoje – Natal/RN
A
usurpação da ciência
A ciência comporta-se tal como
uma religião. Cria axiomas e teoremas, e vai em busca de provas, que comprovem
suas teses. Prova seus fatos por ensaios estatísticos e vai em busca de seus
adeptos. E é na religião que encontra seus símbolos e seus ornamentos para
realizar cerimonias de colação de grau e congraçamento. Cria um escalonamento
de seus deuses, entre mestres e doutores, os pós conceituados, apoderados de um
conhecimento, com monografias, dissertações e teses. Constroem poderes capazes
de destruir um TCC.
A
usurpação da ciência (1), publicado em 06/08/13
A ciência se apropria de
fatos, conceitos e temas da religião. A ciência do direito se apropriou do
código de Hamurabi (a.C.), e das leis mosaicas (a.C.), descritas na Bíblia,
para construir seus atuais códigos penais e comportamentais. Os conceitos
éticos de comportamento profissional e social vão pelos mesmos caminhos, um
caminho díscipular. O direito é a ciência que resiste e sobrevive ao tempo
desde a era de Levi e Levíticos, vai se acomodando e se aprimorando, de acordo
com o momento cultural e histórico.
A arquitetura que construiu e
edificou o mundo antigo evoluiu, especializou-se, e dela formaram-se as
engenharias, as ciências denominadas da tecnologia, a que abarca as outras,
enquanto não são reconhecidas. A engenharia constrói e destrói o mundo, a engenharia
vai e forma discípulos e especialistas. E os engenheiros da torre de Babel
espalharam-se pelo mundo, falando línguas diferentes, cada qual com a sua
especialidade. O tratado de arquitetura de Vitrúvio (a.C.), persiste como
embasamento teórico até hoje.
Com a história épica do
dilúvio e de Noé (a.C.), aprendemos a construir galpões para abrigar os animais
das intempéries anunciadas pelos céus. Casais de animais servem para procriar e
aumentar a criação, e basta construir um abrigo que os animais saberão que a
tempestade se aproxima e procurarão se abrigar. Quando o céu clareia e Sol
reaparece, as águas baixam e já é possível soltar os animais.
Noé olhou para o céu e avaliou
que ia chover, tal como o sertanejo faz até hoje. Com uma audição apurada Noé
pode ter previsto o rompimento de uma represa com o excesso de chuva. Talvez a
repetição dos fatos o tenha feito tomar uma decisão, construir um abrigo para
seus animais e sua família, a mensagem vinda dos céus incentivou sua decisão. O
espaço de tempo entre o início e o fim da construção da arca foi o seu
cronograma, projeto e construção concluídos no prazo determinado.
Hoje a meteorologia e
climatologia fazem a previsão do tempo com satélites que giram ao redor da
Terra acima das nuvens e como deuses antecipam as condições de tempo que são
informadas em alertas aos criadores e agricultores. É comum ver em redes
sociais a citação de que a Arca de Noé foi construída por um leigo e o Titanic
por técnicos especializados. Tudo começa pela observação e pelo empirismo.
A ciência meteorológica
aprendeu inicialmente a classificar as nuvens e avaliar a direção e a
velocidade dos ventos. Militares e escoteiros em acampamentos avaliaram a
direção da fumaça de uma fogueira, e associaram ao tempo consecutivo. Com experimentos
domésticos intuíram-se as diferenças de pressões entre regiões, criou-se as
medições barométricas. Boa parte do conhecimento existente hoje partiu das
necessidades do militarismo, o telefone celular e a internet são os exemplos
mais claros na atualidade. A briga entre o bem e o mal produz um conhecimento.
As profissões existentes na
atualidade partiram de um triangulo de base, formado pela medicina, direito e
engenharia, três necessidades básicas dos seres atuais e do homem primitivo,
nas mais remotas e atuais épocas: saúde, posse e moradia.
O cientificismo se apossou da
cruz e construiu um gráfico, fez uma relação de espaço e de tempo, inseriram
dados ou informações, e batizou o par de retas ortogonais de eixos cartesianos
fazendo uma referência a René Descartes que ficou célebre pela frase, cogito
ergo sum, penso logo existo.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─
04/08/2013
A
usurpação da ciência (2), publicado em
12/08/13
A engenharia e suas
especializações é um exemplo evidente da torre de Babel, uma torre em direção
ao céu. Os ilustradores bíblicos nos deram a entender que a torre de Babel
seria a tentativa de construir um edifício alto o suficiente para alcançar o
céu, talvez pela época das descrições ou das ilustrações. E com certeza pelo
entendimento de cada um, de cada escritor e de cada leitor, no momento de
escrever ou de ler. O conhecimento e a interpretação de textos são os
resultados de experiências, vivencias e convivências, que alteram
interpretações e descrições da escrita e da leitura, a cada momento pessoal e
cada momento histórico.
A ciência do mundo moderno vem
construindo foguetes, as novas torres para chegar ao céu. A tecnologia espacial
ainda está nas mãos de poucos, especialistas e países, uma tecnologia de ponta
onde é necessário o uso das últimas descobertas cientificas de cada área, da
geologia a astronomia, da física, da química e da biologia. Cada nação detém
seus segredos espaciais. As especializações vão criando um linguajar próprio.
Tudo começou e começa na filosofia, no observar e no refletir.
Engenharia de transportes,
engenharia da produção e engenharia da computação são algumas da ultimas
divisões da engenharia, que aos poucos vão sendo reconhecidas como novas
profissões, a partir de cursos superiores com curta duração, os CST. Formando
tecnólogos em logística, tecnólogos de gestão da qualidade e TI (tecnólogos da
informação), e outros tecnólogos. E agora surge mais uma engenharia, a de produção,
uma inovação do sistema de produção em série, a teorização da produção, a
produção em escala e em esteira passa para a O&M no papel.
Os denominados TIs, tecnólogos
de ou da informação, ainda terão muito que estudar e se especializar, tendo em
vista que muito pouco, estudam e aprendem, sobre a teoria da comunicação em uma
era das TICs (tecnologias da comunicação e informação). Os cursos de TI estão
focados em uma engenharia da computação, um olhar sobre o computador, a máquina
e seus processos.
O mundo vivia uma era de
pós-revolução industrial e passou a viver uma era de revolução tecnológica,
depois que Steve Jobs usou a maçã como símbolo da sua empresa. A mesma fruta a
qual Isaac Newton atribuiu ser seu insite para a descoberta da força da gravidade
e atração dos corpos. E a mesma fruta simbólica que colocou o pecado no mundo
através de Adão e Eva, dando início a busca do saber, o conhecimento científico
do homem sobre a terra. A maça aparece como um marco, mudando os rumos da
história. Newton e Jobs foram buscar símbolos religiosos e bíblicos para
atribuir às suas ciências, suas descobertas e inovações. Pecados, pesquisas e
descobertas sobre a Mãe Terra e a placa mãe do computador.
Adão e Eva (no oriente) os
primeiros pesquisadores na face da Terra, pela visão da Gênese bíblica. Isaac
Newton (na Inglaterra), físico e matemático.
Steve Jobs (nos EUA), líder e exemplo de inovação. Três momentos e três
momentos históricos e três pontos geográficos sobre a Terra. Três mudanças de
rumos da ciência e da história, novos olhares e novos rumos. A ciência segue os
mesmos caminhos da cruz, caminhando do oriente para o ocidente, o mesmo caminho
da cruz com as descobertas de novos continentes (A usurpação da ciência – P1).
Fatos históricos e cíclicos que fazem parte de uma teologistica, a logística de
Deus sobre a Terra, com os homens sendo seus recursos humanos para desenvolver
seu trabalho na Terra. Uma tese de doutorado difícil de ser defendida em um
meio acadêmico.
E a ciência vai usando e
usurpado de situações religiosas, tabulando dados e cientificando resultados.
Como o PDCA, da gestão da qualidade e qualidade total, um ato de benzer e orar
antes e depois de cada análise, objetivando resultados.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─
11/08/2013
A
usurpação da ciência (3), publicado em 19/08/13
As faculdades com seus cursos
e recursos, são outro exemplo da torre bíblica, uma torre em direção ao céu, o
conhecimento não tem limite, tal como o céu. Com uma diversidade de cursos, um
conjunto de faculdades, torna-se uma universidade, ao alcance do Universo. Com
diversidade de linguajares, cada curso destinado a uma profissão, vai-se
criando um modelo próprio de cada curso e cada especialização. Os degraus do
conhecimento levam a patamares mais altos, que depois de formados espalham-se
pelas cidades e pelo mundo.
A cada dia as faculdades e
universidades com seus prédios, vão criando mais e mais cursos de nível
superior, cada qual mais especializado e especifico. Cursos que vão criando
expressões de uso próprio, que só o profissional da área entende. Cada
profissão vai se segmentando. A engenharia já vinha sendo segmentada, em
diversas engenharias, agora a administração se segmenta em cursos de
administrações e de gestão, a começar pelos recursos, sejam eles financeiros,
de materiais ou humanos, para tudo há uma logística. As faculdades também vão
se tornando uma torre de Babel com cursos diferenciados e especializados,
currículos específicos, falando linguagens diferentes e esquecendo-se da
interatividade de um mundo globalizado.
A visão cartesiana criou um
gráfico a partir de uma cruz, denominando como par de eixos cartesianos x e y,
que se cruza em um ponto denominado origem. Todo ponto colocado no gráfico é
posicionado a partir da origem, a gênese gráfica. Denominou o primeiro eixo de
eixo x, paralelo a linha terrestre, o horizonte, o plano terrestre, utilizou
uma letra que simboliza o primeiro tipo de cruz conhecida, em X. A cruz onde
condenados eram julgados e amarrados. Denominaram de (y) o eixo vertical, como
eixo das ordenadas, as ordens seguem uma linha vertical. A linha entre o céu e
a terra, atribuiu a este eixo a primeira letra do nome de Deus, o tetragrama
Yahweh. A partir da origem, um lado é positivo e o outro é negativo, o bem e o
mal, o claro e o escuro. E aquele que está a direita do trono de Deus (Hb
12,2), a reta y que leva ao céu e ao trono de Deus ficou sendo o primeiro
quadrante, o quadrante positivo.
Os eixos x e y formam um plano
e com um terceiro eixo denominado de z, a partir da mesma origem de x e y
tornando possível marcar pontos no espaço, formando-se um gráfico
tridimensional. Com três pontos marcados no gráfico de três eixos, é possível
formar uma figura tridimensional, uma figura espacial. Três dimensões localizam
alguém ou alguma coisa no espaço. A quarta dimensão é o tempo, algo ou alguém
está localizado no espaço em algum momento. A linha da terceira dimensão
gráfica foi denominada de z, ultima letra do alfabeto. O eixo cartesiano pode
marcar pontos entre o Alfa e o Ômega. De zero ao infinito, positivo ou
negativo, do princípio ao fim, do desconhecido anterior ao desconhecido
posterior.
A principal característica de
uma tese é o ineditismo. Uma tese deve procurar ser inédita em seu tema
principal ou até mesmo fazer um novo olhar sobre o que já foi dito e escrito.
Uma tese embora elaborada normalmente no meio acadêmico é defendida
publicamente, com as “portas abertas”. Qualquer pessoa pode assistir a defesa
de uma tese. A banca examinadora se posiciona como árbitros do céu escolhendo
que pode e quem não pode entrar no novo universo do conhecimento e participar
de seu grupo exclusivista.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─
17/08/2013
A
usurpação da ciência (4), publicado em 26/08/13
A ciência se apropria de
fatos, conceitos e temas da religião. Cria uma roupagem nova, faz uma serifação
e determina que o empirismo testado por diversas vezes em laboratório seja
denominado como ciência, um produto de pesquisas, relatos e comprovações. Algo
que alguém observou, analisou e tabulou, cientificou.
A última grande conceituação
do mundo é o conceito de gestão da qualidade, onde as pessoas e as empresas
buscam ser cada vez melhores. Desde o menor ao mais alto escalão empresarial,
de insumos a exsumos. E se a empresa não vai ao consultor, o consultor vai a
empresa descobrir os mistérios da montanha. A cruz esquadrinha, desenha e
planifica. Planeja e analisa resultados, serve de régua e transferidor,
esquadro e compasso.
O conceito de gestão da qualidade
pratica um ato religioso a cada momento de inovação, melhora e ajustes. Cada
momento, cada etapa do processo é analisada, comparada e retificada. Um estudo
de tempos e movimentos, uma liturgia das horas.
A cada dia e a cada momento
devemos ser melhores, se nós como pessoas, como funcionários, ou como
colaboradores, podemos ser melhores a empresa também será melhor, e então
poderá melhor atender consumidores e contribuintes. Com todas as empresas
melhores, teremos um mundo melhor. O homem ao final do dia e a indústria no
final da produção. Crescer e multiplicar, perdoar e evoluir.
A missão de uma empresa deve
ser algo inalcançável, se a missão é inalcançável estaremos sempre em busca
incessante de algo desconhecido, de melhores resultados, melhores produtos. O
homem busca Deus tentando ser melhor para alcançar o céu. Os produtos buscam
uma maior validade com melhor qualidade enquanto o homem busca a vida
eterna.
O Universo criado por Deus
vive em uma aparente harmonia e sobrevive pelo caos. O homem tenta prever o
futuro, e estabelecer parâmetros, mas não consegue. A visão de uma empresa é
tentar prever o futuro, o mais acertado possível. Um mercado financeiro ou
comercial pode estar em equilíbrio em um determinado momento. Mas fatos
imprevisíveis, como políticos, bélicos ou meteorológicos afetam bolsas de
valores ou de mercadorias.
Um produto é um bem-criado
pelo homem e se Deus procurou fazer um homem perfeito a sua imagem e
semelhança, o produto feito pelo homem também deve ser perfeito, da maneira que
foi concebido para ser. Para isto existem os critérios de inspeção e qualidade.
Um produto ao confessar um pecado deve se penitenciar e voltar para a linha de
produção, não havendo possibilidade de reaproveitamento será descartado e
lançado no descarte, o lixo, dependendo do produto pode até ser incinerado,
para evitar contaminação do processo. Tal como povos antigos que descartavam
filhos nascidos com defeito físico. Hoje existem testes laboratoriais pós-parto
para antecipadamente descobrir falhas genéticas e antecipar o processo de
tratamento.
A análise PDCA funciona como
um ato de benzer cada momento inicial e cada momento final do processo
industrial. O PDCA é simbolizado graficamente como uma cruz formada no centro
de uma circunferência, indicando e marcando o espaço e o tempo, com o movimento
dos ponteiros de um relógio e em um espaço limitado, um espaço circunferencial
sem início e sem fim. Em breve esqueceremos a simbologia do relógio analógico
com mostradores e ponteiros, pois só haverá relógios digitais.
A análise SWOT tenta prever
fatos certos e incertos, internos e externos, os externos são sempre
imprevisíveis. SWOT é a análise do visível e do invisível, do concreto e do
abstrato.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─
25/08/2013
A
usurpação da ciência (5), publicado em 02/09/13
A ciência foi buscar na
religião os títulos para seus acadêmicos de carreira universitária em posições
de controle e domínio. Uma expressão retirada da igreja e que atualmente não é
mais utilizada é a de catedrático, palavra derivada de catedral. Dentro das
universidades, aquele que detinha um conhecimento de uma determinada cadeira ou
disciplina, ocupava uma cátedra e era conhecido como catedrático da disciplina
ou até mesmo do curso, o cargo máximo de um curso superior. Hoje não há mais
catedráticos, mas ainda se encontram nas universidades federais os professores
auxiliares, adjuntos e titulares, enquanto uma nova nomenclatura de posição já
surge, e se adéqua, o professor associado.
Com a popularização do ensino
superior o termo cátedra foi abolido e hoje todo corpo docente pode ter a
oportunidade de ocupar uma chefia de departamento ou uma coordenação de um
curso. Posições que possuem mais tarefas administrativas do que educacionais.
Cargos desejados por quem tem um gosto e tendências pela administração, e não
desejado por quem tem gosto e prazer por sala de aula.
Nas universidades ainda estão
sendo preservados os títulos de mestres e doutores. Mestre um título do
segmento religioso ocultista. Doutor um dos títulos usados dentro do
catolicismo e atribuído a aqueles que produzem um conhecimento. Aqueles que não
foram canonizados, mas deixaram uma vasta literatura de conhecimentos. O título
de doutor na igreja é dado pelo Papa. Enquanto na academia os denominados papas
do conhecimento têm o poder de definir os próximos mestres e doutores, uma
posição de controle e domínio.
Alguns dirigentes de
faculdades particulares tendem a utilizar o título de Reitor, puro
exibicionismo e vaidade. Título que sempre coube ao maior dirigente de
universidades federais, onde cada faculdade ou escola tem o seu diretor, os
berços do saber e do conhecimento. Reitor também é um título oriundo do
sacerdócio, dirigentes responsáveis de santuários e seminários.
O título de doutor dentro do
meio acadêmico também se refere a aquele que produz um conhecimento. O meio
acadêmico passa e transfere a responsabilidade a um doutor de produzir um
conhecimento. Junto com seus orientandos na posição de orientador deve produzir
um conhecimento e divulgar este conhecimento na forma de artigos científicos.
Portanto o doutor deve produzir e disseminar o conhecimento.
Com uma disputa acirrada entre
os pós-graduados, mestres e doutores estão cada vez mais distantes, já não tem
o mesmo status de pós-graduados, os doutores tentam se distinguir com cursos e
recursos de pós-doutorados. A plataforma Lattes, homenagem a Cesar Lattes, uma
base de dados da sociedade acadêmica já distingue os doutores dos outros
produtores de conhecimento. A ferramenta de busca da plataforma separa os
currículos em duas categorias, uma de doutor e a outra que comporta os outros,
onde se entende os mestres, os graduados e os de nível técnico.
As revistas científicas vão
criando seus critérios de seleção aos produtores de conhecimento. E a nova
ordem social ditada pelos órgãos de apoio à pesquisa é que o conhecimento seja
popularizado. Pesquisadores produzem um conhecimento e buscam uma mídia
científica para divulgar seus resultados. Hoje com a internet tornou-se mais
fácil produzir e divulgar. Cada produtor de conhecimento pode divulgar ao mundo
em seu próprio blog ou site, e haverá sempre alguém para querer aprender algo a
mais. Por outro lado, aquele que procura uma informação devera saber
identificar o que encontra. Títulos não significam mais deter um capital de conhecimento
Entre Natal e Parnamirim/RN ─
1/09/2013
A
usurpação da ciência (6), publicado em 09/09/13
Quando um padre sobe ao altar
para rezar uma missa, cada cor de peça ou bordado tem um significado, e o padre
deixa de ser ele mesmo para representar o Cristo. Na denominada academia, ou
seja, em faculdades e universidades, a cada conquista e a cada diplomação ou
certificação, há um rito de consagração, uma colação de grau. E a ciência foi
novamente na religião buscar alguma inspiração. A fim de consagrar em ato
solene a entrega de diplomas e certificados, foi buscar na liturgia religiosa
os rituais e a paramentação para as solenidades majestosas de diplomação e
titulação. Como sempre, fez uma serifação como estratégia de ineditismo. Não
copiou vestimentas, mas criou um novo vestuário para o momento formal, não
copiou as cores, mas deu um novo colorido aos novos significados. Quando o
formando todo paramentado de vestuário e acessórios, sobe ao palco para receber
seu canudo simbólico, deixa de ser ele mesmo para representar uma instituição
de conhecimento.
A ciência não copiou chapéus e
ornamentos sobre a cabeça, mas criou novas coberturas. Todo acessório sobre a
cabeça tem um significado, desde o quipá judaico ao capelo (uma analogia a
coroa real), usado pelo formando, passando pelos quepes militares. Todos têm o
significado básico, de que existe algo ou alguém acima, algo ou alguém com uma
superioridade, seja de valor de conhecimento ou de autoridade, formalizando
assim uma hierarquia.
A beca preta dá uma ideia de
imunidade, de algo oculto ou inacessível, algo que só pertence aos iniciados
naquele conhecimento. Uma cor que absorve e remove negatividades. E por cima da
beca preta vem a pelerine colocada sobre os ombros, símbolo de
responsabilidade, “a responsabilidade pesa sobre os ombros”, em cores que
identificam e personalizam o pertencimento a um grupo, uma ideia do
significado, da área de conhecimento que está oculta sob a veste preta, o
conhecimento que aquele detém. O ato de diplomação em uma faculdade é um
momento acadêmico impossível de ser negligenciado ou recusado. Mesmo aqueles
formandos que não queiram participar da cerimônia coletiva de diplomação, terão
que o fazer em ambiente restrito. Terá que receber o diploma simbólico das mãos
de um superior, sem um rito não há consagração.
A cor branca foi comprovada
pelo disco de Newton ser um conjunto de todas as cores. Tanto no sentido
religioso quanto no sentido acadêmico a cor branca é reservada aos detentores
do conhecimento maior. A luz branca sob um olhar científico é a luz do
conhecimento e sob o olhar religioso é a luz divina, uma cor espiritual e
equilibrada, a cor da verdade.
As diferentes cores das vestes
litúrgicas visam manifestar externamente o caráter dos mistérios celebrados, e
também a consciência de uma vida cristã que progride com o desenrolar do ano
litúrgico. Enquanto que as diferentes cores nas vestes acadêmicas representam a
área de conhecimento dependendo da cor da pelerine, a capa talar, uma veste
similar ao amito dos padres. Enquanto o padre coloca o amito sobre a batina
formandos e formados colocam a pelerine sobre a beca.
Os anéis de formatura têm uma
razão e uma história. Em tempos longínquos só as famílias de posse e os mais
abastados e influentes usavam anéis. Os anéis tanto podiam conter o brasão da
família como podiam servir de carimbo em lacres, dando valor e autenticidade a
um documento.
As condecorações com o tempo
tornaram-se símbolo de ato de bravura, o concluinte dos cursos é considerado
herói, um novo membro da realeza, pertencente a um domínio de conhecimento. Em
uma época de tecnologias de informação, com o acesso a informação cabendo
literalmente na palma da mão, o novo poder é o conhecimento.
O Brasil passa por uma
situação interessante, a vinda de médicos cubanos, um exemplo claro de valor do
conhecimento. O conhecimento tem valor não importa a embalagem que o contem, e
entra em jogo a antiga lei de mercado, lei da oferta e da procura. Cada produto
tem o seu preço, e cada comprador paga o que lhe convém.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─
8/09/2013
A usurpação da
ciência
PDF 457
V. Pk.
Coletânea
de artigos sobre o tema do ponto de vista crítico da ciência com seus usos, e
seus atributos
Textos
publicados no período de 06/08/13 a 9/09/13, no Jornal de Hoje – Natal/RN
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A usurpação da ciência
(1), publicado em 06/08/13
A usurpação da ciência
(2), publicado em 12/08/13
A usurpação da ciência
(3), publicado em 19/08/13
A usurpação da ciência
(4), publicado em 26/08/13
A usurpação da ciência
(5), publicado em 02/09/13
A usurpação da ciência
(6), publicado em 09/09/13
PDF 457
V. Pk
Texto disponível
em
Textos relacionados, também publicados no Jornal de
Hoje – Natal/RN
A construção do
conhecimento (1)
A construção do
conhecimento (2)
A construção do
conhecimento (3)
A construção do
conhecimento (4)
A construção do
conhecimento (5)
A construção do
conhecimento (6)
A construção do
conhecimento (7)
A construção do
conhecimento (8)
A construção do
conhecimento (9)
A construção do
conhecimento (10)
Construindo o conhecimento
(1)
Saberes e Sabores: Leite
Saberes e Sabores: Café
Versão para Publikador PDF 457
Entre Natal/RN e
Parnamirim/RN 23/08/15
por
Roberto Cardoso (Maracajá)
Reiki Master & Karuna Reiki Master
Jornalista Científico
FAPERN/UFRN/CNPq
Plataforma
Lattes
Produção
Cultural
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